quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Manifestação da Fiesp fracassa. Eles continuam cansados mas não aprendem. Mais uma vez faltou o povo


Show contra a renovação da cobrança da CPMF reúne cerca de 15 mil no Anhangabaú, em São Paulo; os organizadores, com a Fiesp à frente, esperavam juntar 2 milhões
Show contra CPMF reúne só 15 mil; artistas desconhecem alíquota do "imposto do cheque"
REGIANE SOARES
da Folha Online

O show "Tributo contra o Tributo" contra a cobrança da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), no vale do Anhangabaú (região central de São Paulo), frustrou as expectativas de seus organizadores e reuniu apenas 15 mil pessoas, segundo estimativa feita pela Polícia Militar às 20h15. Quarenta minutos antes, a previsão da PM era de 7.000 pessoas.

Os organizadores do show, liderados pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), esperavam reunir um público de 2 milhões de pessoas no vale do Anhangabaú e arredores.

O empresário André Skaf --filho do presidente da Fiesp, Paulo Skaf, e um dos idealizadores do show-- explicou que a intenção da organização era "encher" o vale do Anhangabaú para conscientizar o máximo de pessoas. Por volta das 19h, André disse que a expectativa era reunir 250 mil pessoas, mas preferiu não comentar a redução do público.

Entre os artistas que se apresentaram no show estão Nando Cordel, Falamansa, Fresno, NXZero, o cantor Netinho, a banda KLB e a dupla sertaneja Zezé di Camargo e Luciano. O evento custou R$ 300 mil, mas os artistas não cobraram pela apresentação. As despesas serão pagas pela Frente Nacional da Nova Geração e pelas entidades que apóiam o ato, como a Fiesp e a Associação Comercial de São Paulo.

Alguns dos artistas convidados não tinham domínio sobre o tema que pretendiam protestar. O vocalista da banda Fresno, Lucas Silveira, disse que não sabia quanto pagava de CPMF ao ano. "Graças a Deus eu não sei, porque se soubesse estaria mais bravo ainda", disse. Questionado sobre o percentual da alíquota da CPMF, Lucas respondeu: "São 7%. É isso? Não tenho idéia". A alíquota é de 0,38%.

O cantor Luciano criticou a prorrogação cobrança da CPMF e ressaltou que o show no Anhangabaú era um ato contra o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Porém, também não soube dizer quanto pagava de contribuição. Questionado sobre o assunto, Luciano respondeu: "Eu? Não [sei]", afirmou.

"Uma pessoa que fala que isso aqui [o show] não está indo contra o governo Lula é uma pessoa idiota. Se o governo Lula quer prorrogar a CPMF até 2011, e isso é um movimento contra a CPMF, então é um movimento contra o governo Lula", afirmou o cantor, que se posicionou a favor da redução da alíquota e a cobrança apenas para quem ganha acima de R$ 3.000.

Ao contrário do irmão, o cantor Zezé di Camargo foi menos crítico em relação ao governo e disse que votaria em Lula se hoje ele fosse candidato. Mas também defendeu a redução da alíquota para 0,10% e rebateu críticas de que o ato seria uma forma de usar o seu público para fazer "massa de manobra" contra a contribuição.

"Não queremos fazer massa de manobra de ninguém. Queremos apenas esclarecer as pessoas, porque isso [a contribuição] está sendo injusto", afirmou Zezé.

Já o cantor Kiko, da banda KLB, demonstrou que acompanha as discussões sobre a CPMF e não poupou críticas à prorrogação da contribuição. "A CPMF foi criada para melhorar a saúde e o crescimento foi irrisório", afirmou.

Público

Apesar do esforço dos organizadores em conscientizar a população, muitas pessoas que foram ao vale do Anhangabaú não tinham informações completas sobre a CPMF e confirmaram à reportagem que foram ver os artistas, principalmente o KLB e a dupla Zezé di Camargo e Luciano.

A estudante Indiara Conceição Cruz, 21, por exemplo, admitiu que foi ao Anhangabaú para ver o KLB e aproveitou para protestar contra a CPMF. "Uni o útil ao agradável", contou a estudante, que chegou ao vale às 7h, ficou o dia todo sem comer "para pegar um bom lugar" e ver seus ídolos.

Já a dona de casa Aranira Ferreira, 60, não sabia como pagava a CPMF. "Pago toda vez que compro pão e leite", afirmou a idosa, que disse ter ido ao show para ver a dupla sertaneja. A CPMF é cobrada em toda movimentação bancária.

Questionado sobre a falta de informação de alguns artistas e de parte do público, André Skaf disse que foram os artistas que aceitaram o convite da Frente Nacional da Nova Geração para se manifestar contra a CPMF. "Quando falamos sobre a CPMF eles mesmos [os artistas] se colocaram contra. Agora tem que perguntar pra eles", afirmou.

A Frente Nacional da Nova Geração foi criada há dois meses por jovens empresários e líderes estudantis e comunitários para propor o fim da CPMF. "Se a CPMF continuar será um desrespeito à sociedade porque a sociedade não quer mais [a cobrança]", comentou. Se a prorrogação da CPMF não for aprovada pelo Congresso, a contribuição termina em 31 de dezembro.

O empresário também reagiu às críticas de que a Fiesp e as demais entidades que realizaram o show são contra a CPMF porque eles não têm como sonegar. "Isso é uma mentira. Hoje, para você acabar com o sonegador, não precisa a população contribuir. Não precisa ter uma alíquota e arrecadar R$ 40 bilhões ao ano", afirmou André.

Fonte: Folha on line

3 comentários:

Anônimo disse...

Infelizmente o povo não tem a mínima idéia do que é a CPMF e como ela se faz presente no dia-a-dia de cada um.

Duvido que um show de música popular fosse conscientizar alguém, o pessoal ia lá escutar música mesmo, porque CPMF é problema dazelite.

Antes a Fiesp tivesse investido esse dinheiro em uma campanha na TV, ou na rua, com folhetos escritos em linguagem popular explicando quanto custaria uma cesta básica se não houvesse a CPMF.

O curioso é que nem a jornalista Regiante Soares sabe qual é o impacto do imposto... No texto corrigiu a afirmação da sra. Aranira Ferreira dizendo que a mesma não sabia onde era cobrada a CPMF (nos bancos e não no pãozinho).

Resposta errada, a CPMF é cobrada nos pãozinhos sim, e muito mais do que 0,38%.

Este imposto é recolhido na movimentação financeira, só que na cadeia de produção do pãozinho, que vai desde os insumos agrícolas comprados pelo produtor de trigo até a padaria, a CPMF é cobrada muitas vezes em cascata, imposto sobre imposto. E cada um vai embutindo a taxa da CPMF no seu preço até que no final há uma cobrança de 3, 4, 5% no preço final do produto.

A CPMF engessa a economia pois taxa justamente aqueles que produzem, fazem o dinheiro circular e geram empregos! Enquanto isso, especuladores e pessoas que vivem de investimento conseguem escapar da cobrança no dia a dia...

Resumindo, é um imposto que é cobrado justamente daqueles que menos podem pagar.

Fora CPMF, fora Lula!
Pare de gastar dinheiro empregando ASPONES! Funcionários públicos têm que ser poucos, muito bem qualificados e bem pagos, mas poucos... e não um monte de gente que só quer saber de ganhar seu dinheirin no finalzinho do mes...

PC Guimarães disse...

Bela análise crítica, Eduardo. E sem ofender quem pensa diferente, como tem feito alguns jornalistas como Mainardi e Reinaldo sei lá o quê. Onde estava a Fiesp quando a CPMF foi criada pelo governo Itamar Franco? E por que o PT na época foi contra e agora é a favor? Elite, políticos, jornalistas comprometidos com o Sistema em troca de polpudos salários na Grande Mídia...
E os outros impostos? E os pobres pequenos empresários perseguidos pela Receita Federal do PT com ameaças? Esse é o problema. Enquanto o governo tiver como oposição gente comprometida com o Sistema vai continuar fazendo o que faz. Não é com manifestações promovidas por Amaury Jr. e mauricinhos e patricinhas herdeiros da Fiesp que vamos mudar esse país.
Fora Agripino Maia! Fora Rodrigo Maia! Fora Artur Virgílio! Fora família ACM! Fora família Sarney! Fora Renan Calheiros!
Onde essa gente estava nas privatizações suspeitas e na "prorrogação" do mandato de FHC?
Obrigado pela visita e participação crítica, Eduardo. Seja você um amigou ou um desconhecido.

PC Guimarães disse...

amigo. desculpe o erro na digitação.